“MAIS GESTÃO E MENOS POLÍTICA”
O mundo
corporativo está cheio de casos de sucesso, bem como de milhares de empresas fracassadas.
O que diferencia essas duas situações não é apenas o ramo de atividade, nem a
localidade onde se encontra e nem a composição e o tipo societário, entre
outras condições, mas a capacidade e a qualidade da gestão e do seu sistema de
governança. A regra do sucesso é milenar e se encontra no fluxo financeiro-caixa
das empresas. Isso significa dizer que as receitas devem sempre ser maiores que
as despesas. Essa “regra básica” que parece ser simples, torna-se difícil de
ser observada e mantida por longas décadas, uma vez que depende da integração
das operações e de vários fatores, mas todos ligados a administração. O nosso
país está representado por entidades públicas (empresas, órgãos, fundações, e
etc.), federais, estaduais e municipais, cujas estruturas são enormes,
infladas, inócuas e desnecessárias, com déficits financeiros e insustentáveis.
Esses déficits públicos são consequências da falta de administração, resultado
de um desprezo dos preceitos de gestão pelo poder público e político. O foco
das entidades criadas é quase sempre o de atender aos interesses pessoais e
partidários, com estruturas desnecessárias para empregar pessoas inúteis,
disponibilizando como contrapartida produtos e serviços dos quais o
contribuinte não precisa ou que poderia obter de forma eficiente, eficaz e mais
em conta. Quem paga esse déficit público? É óbvio que a conta fica para o contribuinte.
Ele é quem trabalha, gera recursos e sustenta a máquina pública, por meio de
uma carga tributária que lhe é imposta. Mas é imposta por quem? Pelos políticos
que são os responsáveis pelas despesas, que os favorecem pessoalmente e
partidariamente, sem que o ônus seja de sua responsabilidade. Tentar cobrir o
déficit, por meio de tributos é errado e ilusório, pois demonstra uma falta de
conhecimento sobre a administração e finanças, além da ausência de
responsabilidade social e de bom senso. Fazendo uma analogia com uma empresa
privada e deficitária, onde para torná-la superavitária simplesmente aumentaria
o preço de venda ao consumidor, sem antes fazer uma revisão crítica e técnica
dos seus métodos, processos e estruturas, promovendo correções, enxugando
custos e despesas e assim ganhar eficiência, produzindo mais com menos. O
desencanto da população com os políticos é enorme. É fundamental trocar os prefeitos
,despreparados e focados no seu futuro político, por aqueles capazes de
conduzir as nossas cidades; renovar os governadores preocupados com sua
carreira pública e com interesses e objetivos de seus partidos, por líderes
capazes de serem mentores do funcionamento e do fortalecimento do estado; e substituir
o presidente, por um líder verdadeiro e que tenha visão de longo prazo, para
tornar o país mais poderoso, rico, legal e ético, focado nos princípios e
práticas de boa gestão. A adoção de regras de governança pode ser aplicada também
aos poderes legislativo e judiciário, uma vez que todos apresentam igual quadro
trágico, quando vistos sob o prisma de empreendedor, consumidor e de
contribuinte. Em suma, todos os cargos públicos devem ser ocupados por pessoas,
que tenham um perfil de mais “gestor” e menos “político”, juntamente com os
atributos de seriedade, integridade e ética. Considerando que a sociedade é uma
“empresa” e que os “sócios” são a população, faz-se necessário que esta seja
gerida, legislada e judiciada por aqueles que entendem de gestão e de regras de
governança.
Cláudio Sá Leitão – Conselheiro pelo IBGC e Sócio da Sá Leitão Auditores e Consultores.
PUBLICADO NO JORNAL DCI DE SÃO PAULO EM 19.07.2018