“PROFISSÃO E SUCESSÃO”

Não é correto afirmar que existe a “melhor profissão”, pois cada uma apresenta os seus desafios e percalços. Porém é inegável que as pessoas terão que se deparar com uma das três formas básicas de iniciarem suas vidas profissionais: ser empregado, autônomo ou empresário. Nesses três casos, se tiverem sucesso e fizerem um bom planejamento, poderão se tornar investidores e não precisarão vender o seu tempo para ganhar dinheiro. Não se pode atribuir unicamente aos pais a responsabilidade pela escolha da profissão do filho. Além do meio ambiente, também podem influenciar amigos, parentes, professores, o modismo da época e até os mentores (pessoas que, com sua experiência e capacidade de olhar para as necessidades, foram importantes para aconselhar e ajudar a seguir nos objetivos e interesses). Numa mesma família, um filho pode resolver seguir a profissão indicada pelo pai/mãe ou ir por um caminho completamente oposto, como foi o meu caso. Sou filho de um conceituado médico obstetra. Se um pai deseja que seu filho dê continuidade a sua obra, deve mostrar como a profissão é interessante, evitando focar apenas nos problemas e frustações que podem repercutir na mente dele. O pai deve contar para o filho como foi interessante e desafiador conquistar o sucesso da sua profissão. Faça um relato de como tudo começou. Provavelmente, o filho gostará de ouvir do pai as histórias das dificuldades e dos esforços para ser um profissional de sucesso. Quando converso com empresários, frequentemente ouço reclamação da falta de interesse dos filhos pelos negócios deles. Analisando a posição do pai, vejo como é frustrante dedicar a vida inteira construindo uma profissão ou um negócio e depois não encontrar herdeiros para dar continuidade à sua obra. Mas entendo que a falta de vontade dos filhos deve ter sido motivada pelas situações adversas enfrentadas pelos pais e, diante disto, desejam viver longe dos problemas dessa profissão. Na hipótese de ocorrer a sucessão na profissão, espera-se que ela seja bem resolvida e precedida por um planejamento sucessório, que requer dedicação, envolvimento e comprometimento. Para tanto, é preciso que o filho tenha o perfil desejado para suceder na profissão do pai, além de possuir uma boa formação técnica. Em se tratando de empresa, permitirá a longevidade e a perpetuação dos negócios. Salientando que, em qualquer das duas situações, o trabalho árduo e a dedicação à profissão ou aos negócios, sempre serão fatores primordiais para suportar as dificuldades financeiras.

Cláudio José Sá Leitão - Sócio da Sá Leitão Auditores e Consultores e Conselheiro do IBGC.

PUBLICADO NO JORNAL DO COMÉRCIO EM 29.05.2018