“PLANEJAMENTO FINANCEIRO PARA A LONGEVIDADE”

Recebi de um amigo o livro “A Noite de Meu Bem”. Esse livro trata basicamente das noites do Rio de Janeiro-RJ, nas décadas de 1940 e 1950. Naquela época, os irmãos Carlinhos e Jorginho Guinle faziam sucesso e eram considerados um dos maiores playboys do RJ, senão do Brasil. Segundo o livro, eles possuíam 5% dos negócios da família que incluía a Companhia Docas dos Santos, o Copacabana Palace Hotel, o Banco Boa Vista, além de uma Seguradora, terrenos, estradas, prédios, aplicações financeiras, obras de arte, sem contar os que já haviam vendido ou doado ao RJ em palacetes, parques e até ilhas. Os dois moravam no mesmo e luxuoso edifício construído por seu pai, na Praia do Flamengo, cada qual ocupando um andar de 700 metros quadrados. Jorginho, diferente de Carlinhos, não trabalhava. Dizia que não precisava, por ser rico. Lendo àquele livro, lembrei de uma palestra que assisti, ainda estudante do curso de economia, no início da década de 1970, na Fundação Getúlio Vargas sobre Planejamento Financeiro. O Jorginho Guinle, herdeiro da Família Guinle, uma das mais poderosas e ricas do Brasil, no século XX, playboy de categoria internacional, com um currículo imenso de conquistas femininas, incluindo as atrizes como Rita Hayworth e Marilyn Monroe, continuava torrando a fortuna herdada da família em diversões, festas e viagens. Dizia o palestrante que ele calculou os seus gastos, para que pudesse viver bem todos os dias da sua vida. Hoje verifico que Jorginho calculou errado o tempo de sua vida. Fez a conta como fosse viver até os 70 anos. Viveu até os 80 anos e passou os últimos 10 anos na penúria, vivendo a noite a convite dos amigos. Segundo as estatísticas, a expectativa de vida nos Estados Unidos é de 79 anos e no Japão é de 84 anos. Mas há estudos no Reino Unido que indicam a possibilidade de se chegar aos 100 anos. A vida mais longa traz consigo a vontade de se manter engajado a diferentes tipos de atividades, inclusive profissionais, mas, também, a educação, a trabalho voluntário, a atividade física, o convívio com amigos e a comunidade, além de viagens. Diante dessa nova realidade de vida, há necessidade de ter um suporte financeiro para um período mais longo, que antes era de 10 a 15 anos, para 20 a 30 anos. Atualmente a nossa sociedade tem acesso a melhores condições de saúde e a medicina está mais avançada, além das oportunidades de negócios serem imensas. Esse avanço tecnológico, em outras áreas como energia, água e alimentação, tem melhorado significativamente as condições de vida das pessoas e as perspectivas são de que essa tendência se mantenha e até acelere ao longo do tempo. Por isso, ter uma velhice extensa requer um bom planejamento financeiro para a longevidade.

Cláudio José Sá Leitão – Sócio da Sá Leitão Auditores e Consultores.

PUBLICADO NO JORNAL DIARIO DE PERNAMBUCO EM 15.05.2018