“EMPRESAS FAMILIARES”

As empresas familiares têm crescido vertiginosamente nos últimos anos. Elas são reconhecidas pelo seu mérito social e econômico,em todos os países, por diferentes razões, entre elas, a geração de grande número de empregos e pelos bens que produzem. No Brasil, assim como em outros países, as empresas familiares de pequeno, médio e grande porte chegam a contribuir com mais da metade da geração do PIB, dos empregos, da renda e da arrecadação tributária. Na vida empresarial familiar é fundamental saber lidar, tanto com os pais, quanto com os irmãos, sócios e funcionários, havendo a necessidade do filho procurar “sair da sombra” do pai e criar seu nome no mercado, conquistando seu espaço e adquirindo o respeito, de modo que possa crescer e alcançar maiores desafios dentro do negócio familiar. Esse esforço conjunto, faz com que o relacionamento entre os membros da família traga benefícios, pois estabelece a transparência nas opiniões e valoriza o diálogo. Nos ambientes empresariais em que o diálogo é transparente, as chances dos filhos desenvolverem transtornos, traumas ou ansiedades são bem menores, pois não há limitação de falar o que pensam, dado que essa restrição normalmente favorece aos conflitos. Atualmente, os pais, em função dos afazeres e da eterna luta diária contra o tempo e para cumprir as obrigações, as vezes esquecem do seu papel, em demonstrar e falar sobre sentimentos. A convivência com os filhos é necessária, para que se estabeleçam limites e se propiciem a orientação e a formação de valores que deverão nortear a vida. Os filhos necessitam, além de serem vistos, enxergarem nos pais aqueles em quem confiam para falar sobre os seus anseios. A relação de confiança começa a ser construída desde cedo e, para tanto, os pais têm que ser os protagonistas. A ausência de diálogo compromete a qualidade do relacionamento. Essa lacuna gera perda no processo de amadurecimento, possibilitando que o filho na infância ou na vida adulta, sinta-se inseguro para conversar assuntos de natureza diversa, podendo repercutir em outras esferas de sua vida. Não só o diálogo transparente, a profissionalização da gestão e a criação de políticas de governança se fazem necessários. Mas, sobretudo, métodos terapêuticos, como psicanálise, em alguns casos, auxiliam na compreensão dos dilemas e das angústias internalizados, dos conflitos mal resolvidos e dos fatores subjacentes, de modo a não interferirem na relação entre pai e filho e, consequentemente, no processo sucessório em empresas familiares.

Cláudio José Sá Leitão - Sócio da Sá Leitão Auditores e Consultores.

PUBLICADO EM 20.12.2017 NO JORNAL COMMERCIO