“O ETERNO DILEMA DO CONSUMIR X POUPAR”
Segundo pesquisa realizada pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível de
endividamento das famílias brasileiras vem apresentando uma tímida redução. A
alta dos juros e da inflação continuam impactando nesse endividamento,
juntamente com a taxa de inadimplência, representada pelas dívidas adquiridas, por
meio do cheque pré-datado, do cartão de crédito, do cheque especial, do carnê
de loja, do crédito consignado e do empréstimo pessoal, além das prestações de
carro e de casa, entre outras obrigações. Um dos itens da pesquisa que chama nossa
atenção, diz respeito ao alongamento dos prazos de endividamento, ou seja, as
famílias estão buscando empréstimos com prazo mais longo para pagamento, com
parcelas menores ou até renegociando os prazos. Para reduzir o nível de
endividamento, é preciso economizar, passando a comprar menos, sendo este um
dos grandes desafios em nossas vidas. É uma batalha ingrata, essa busca pelo
equilíbrio entre a qualidade de vida no momento presente (desejo de consumir) e
a economia necessária para manter essa qualidade de vida no futuro (necessidade
de poupar).
Para tanto, há a necessidade de planejar os recebimentos mensais,
separando o que será poupado, do que será consumido, por meio dos desembolsos com
despesas essenciais e com os gastos em lazer. Muitas pessoas preferem aplicar o
dinheiro agora e aguardar o rendimento desse investimento para, então, adquirir
o que deseja pagando à vista, com desconto. Entretanto, o nosso dia a dia é
cercado tanto de decisões racionais, quanto de irracionais, e muitas das
escolhas dessas compras são realizadas de acordo com o nosso estado emocional.
A falta de equilíbrio nessas decisões pode afetar nossa vida financeira atual e
até comprometer a qualidade de vida futura. A pessoa que se preocupa em
economizar pensando somente no futuro pode se desmotivar por não viver o
presente e se frustrar ao perceber que não aproveitou durante o caminho, até
alcançar o seu objetivo final. Por outro lado, a pessoa que não se planejou
para o futuro, gastando todas as economias, no dia a dia, pode perder a
qualidade de vida na velhice, com a redução ou a falta de renda. Essa decisão a
ser tomada, alinhada com um planejamento financeiro, é crucial para a saúde
financeira das pessoas.
Um estilo de vida mais simples pode abrir espaço no
orçamento financeiro, possibilitando a economia para a realização dos objetivos
e a tão sonhada liberdade financeira, a qual levará a uma maior autonomia de
vida e das finanças. Portanto, nunca é tarde para se planejar os objetivos de
vida, seja para um curto, um médio ou para longo prazo, de forma a possibilitar
uma melhor qualidade de vida no presente e no futuro. Vale também seguir aquela
velha dica de evitar comprar o desnecessário. Ainda que o item esteja com o
preço em conta. O ideal é sempre focar em adquirir o essencial e com qualidade.
Por mais que a gente insista em combater, o dilema entre “consumir” ou “poupar”
sempre existirá, em face do conforto e da qualidade de vida trazidos pelo
consumo que, muitas vezes, não são compatíveis com a tranquilidade e com a
segurança em se manter uma poupança.
Cláudio Sá Leitão – Conselheiro
pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.
PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE PE EM 18.02.2022