“EMPRESAS CAPITALIZADAS VÃO AS COMPRAS”
As empresas brasileiras ocuparam, no ano de 2021, uma
posição de destaque nas operações de M&A, sigla em inglês, que designa as transações
de “Mergers and Acquisitions”, que, em português, pode ser traduzido como
“Fusões e Aquisições” ou “F&A”. Os fatores principais, que tem contribuído
para as operações de “M&A/F&A”, são as dificuldades financeiras
enfrentadas por muitas empresas brasileiras,em função da pandemia, a partir de março
de 2020, e a valorização do dólar, em relação ao real, que reduz o preço dos
ativos para as companhias brasileiras que tem receitas no exterior ou àquelas
estrangeiras que desejam investir em nosso País. A busca de investidores
privados, pelas empresas com falta de recursos para as operações diárias
e para os investimentos de curto, médio e longo prazo, foi a alternativa encontrada
por elas, pela desistência de abrir o capital, (IPO, sigla em inglês de Initial
Public Offfering), devido às incertezas trazidas pela eleição
presidencial programada para outubro de 2022.
Essas operações envolvem atividades
de setores variados, tais como; industrial, agronegócio, saúde e educação. A
previsão é a de que os fundos de private equity, que compram participações em
empresas, continuarão intensificando pela busca por ativos neste ano de 2022. Esses
investidores estão procurando oportunidades em negócios com potencial de
crescimento futuro, mas alguns não estão dispostos em pagar preços altos por
ativos disponíveis para venda. Apesar da volatilidade provocada pela eleição
presidencial e pelas incertezas quanto ao rumo da economia, os investidores
internacionais ainda continuam apostando nas boas empresas familiares
existentes em nosso País e no potencial de consolidação de seus negócios no
Brasil. Para o ano de 2022, mesmo com as incertezas políticas e com a
perspectiva de alta de inflação e, consequentemente, forte elevação de taxa de
juros, há uma tendência do movimento de
operações e de investimentos continuarem aquecidas, mas não na proporção do
exercício de 2021.
Contribui para isso as
incertezas da reforma tributária (RT) que, provavelmente, terá prioridade no
Senado no primeiro semestre deste ano, quando as questões eleitorais ainda não
tomaram tanta força. O objetivo do Senado é aprovar uma RT que tenha apoio da
maioria dos parlamentares. O Projeto de Lei (PL), que será votado, trará
mudanças significativas na ocasião da alienação das participações societárias,
mas não sabemos se o PL será aprovado na integra e qual a redação será
aprovada. Mas o importante é ficar atento ao tema da RT, pois poderá impactar
profundamente o mercado das operações/transações de “M&A/F&A”. Apesar
do cenário de incertezas, a taxa de câmbio (diferença do dólar frente ao real)
é o grande atrativo de investir, sendo o
momento interessante para as empresas capitalizadas irem as compras.
Cláudio Sá Leitão e Geraldo Ribeiro – Sócios da Sá Leitão
Auditores e Consultores.
PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO EM 20.01.2022