“OPORTUNIDADES PARA INVESTIR”
O nosso país vive um momento de inflação elevada, com taxa de juros crescente e
perspectivas de baixo crescimento, além das incertezas políticas e econômicas que
disparam a volatilidade do câmbio. Com a desvalorização do real, em relação ao
dólar, e o aumento dos custos das empresas, tornou-se mais complexa a
precificação dos ativos, influenciando na decisão de qualquer investidor, seja
qual for o país de origem do capital. Em outras palavras, a forte oscilação do
câmbio tem o poder de afetar a decisão dos investidores, em face da dificuldade
em calcular os valores dos ativos a serem transacionados. É preciso ser um
negócio estratégico que justifique o valor a ser investido e que tenha o
retorno desejável para o investidor. As companhias (Cias) multinacionais que não
possuem investimento no Brasil, preferem esperar a passagem desse momento de
turbulência, para somente então fecharem as transações para as aquisições de
investimentos. Entretanto, a situação é bem diferente para àquelas Cias que já
possuem negócios em andamento.
A mesma regra se aplica para os fundos de
investimentos internacionais, sobretudo os de private equity, que
compram participações societárias. Aqueles que possuem investimentos no Brasil,
certamente, continuarão avaliando aquisições, com exceção dos que não têm
exposição em países emergentes, que se manterão em espera. Os setores de papel
e celulose, de infraestrutura, de energia e de saneamento são alguns dos
segmentos da nossa economia que vão continuar atraindo grupos de fora. Também
há outros setores, como os de tecnologia, de concessões de aeroportos e de
portos, que se mantém no radar dos investidores. Mesmo com o cenário adverso, alguns
investidores e fundos de investimentos devem buscar oportunidades para investir
no mercado brasileiro nas chamadas “Mergers and Acquisitions (M&A)”
que, em português, pode ser traduzido como “Fusões e Aquisições” ou F&A. Trata-se
de fatia do mercado em plena ascensão no Brasil, juntamente com os grupos
brasileiros que recorreram ao mercado de capitais e estão capitalizados para
expandir os seus negócios. Para o ano de 2022, quando teremos eleições
estaduais e presidenciais, fica ainda mais complicado fazer qualquer projeção,
ainda que haja um indicativo de recuperação do faturamento pelas Cias, além da
reabertura integral da economia e da expansão dos negócios em geral.
Esse
processo pode ocorrer, por meio da abertura do capital ou do ingresso de novos
acionistas, em busca dos recursos necessários para um plano de expansão, de
crescimento ou até de redução do endividamento das Cias. Diante do atual cenário
político e fiscal, que engloba a combinação dos fatores relacionados ao aumento
da inflação e à alta dos juros, gerando para o investidor mais dúvida do que
certeza, faz-se fundamental o incentivo aos empreendedores que desejam ampliar
ou expandir ainda mais os seus negócios, de forma a adotarem uma postura mais próxima
a uma antiga máxima na qual dizia que “é na dificuldade que se encontra as
oportunidades para investir”.
Cláudio
Sá Leitão – Conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.
PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO EM 27.11.2021