“ASG/ESG NAS EMPRESAS FAMILIARES”
As empresas familiares (EF) contribuem com mais da metade do PIB e dos empregos do
mundo, sendo um dos segmentos de grande influência na geração de renda e na
arrecadação tributária. Devido ao peso na economia mundial, é importante que essas EF continuem avançando na adoção
dos fatores ASG/ESG, de modo a não desviar da rota do crescimento. Quando essas EF adotam
a agenda de políticas ambientais, sociais e de governança (ASG), representado em
inglês pela sigla ESG (Enviromental, Social and Governance), elas se tornam as
preferidas dos investidores, devido as métricas relacionadas com a preservação
ambiental, com a responsabilidade social e com a governança. Não é de hoje que
as EF brasileiras se preocupam em promover os valores ASG/ESG no modelo de seus
negócios.
Cada vez mais os desafios sociais e ambientais têm impacto na atuação
das EF, afetando sua estratégia, sua reputação e o seu valor de longo prazo. As
mudanças climáticas, a ampliação da desigualdade social e as inovações
tecnológicas, entre outros fatores, têm provocado fortes transformações nas EF.
As pautas socioambientais e de governança corporativa (GC), adotadas pelas EF,
representam características determinantes dos investidores, junto ao perfil da
família controladora. Há uma tendência atual de que as EF fortaleçam as
práticas sócio ambientais, em face das mudanças climáticas e da ampliação da
desigualdade social, bem como do impacto dos seus funcionários na comunidade,
onde elas estão inseridas. Para tanto, os fatores ASG/ESG já devem estar
incorporados à agenda de sustentabilidade e contemplados no plano de negócios
das EF. Ademais, as ausências de transparência e de equidade, assim como da
prestação de contas e da responsabilidade corporativa, que são os pilares básicos
da GC, levam os compromissos socioambientais a não se sustentarem.
Tradicionalmente,
as EF passam o comando de seus negócios para as gerações seguintes, de modo a preservar o bem estar de todos. Portanto, uma
GC bem definida pode evitar os eventuais conflitos societários que são comuns nessas
transições de comando. Em algumas situações, há a necessidade da assessoria de
profissionais para solucionar tais conflitos. Investir em mecanismos
profissionais de resolução de conflitos é um caminho importante para planejar e
manter a harmonia familiar. Porém, sem esquecer de profissionalizar a gestão e
de diversificar a composição do conselho. Por fim, as EF devem dispensar atenção
especial no que diz respeito aos aspectos sociais, ambientais e de GC, de forma
a atuarem de forma integrada, para progredir com as pautas de sustentabilidade,
visando a continuidade e o sucesso dos negócios familiares.
Cláudio
Sá Leitão – Conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.
PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO EM 12.11.2021.