“AGENDA ESG VEIO PARA FICAR”

Apesar dos contratempos provocados pela pandemia do covid-19, esta impulsionou a inovação para muitas companhias (Cias), em todos os sentidos, na busca de métodos para operar mais eficientemente. Por conta disso, as Cias estão se empenhando e se comprometendo com as questões ambientais, sociais e de governança (ASG), sigla em português para ESG - Environmental, Social and Governance. A partir do início da crise provocada pelo coronavírus, os investidores passaram a exigir mais seriedade das Cias, no trato das questões relacionadas com a sustentabilidade. No intuito de trilhar o caminho do investimento sustentável no Brasil, o segmento industrial está sentindo a necessidade de, cada vez mais, aplicar/utilizar na fabricação dos seus produtos, materiais de menor impacto ambiental.

Por sua vez, os investidores estão aperfeiçoando o processo de análise dos seus investimentos, cobrando das Cias, principalmente daquelas de capital aberto, que cumpram a agenda ambiental, social e de governança (ASG). Por outro lado, a agenda ASG passou a figurar no dia-a-dia das Cias., por meio da criação de áreas específicas inseridas na sua Diretoria de Relações com Investidores (RI) que, entre suas atribuições, estão os assuntos ligados a pauta ASG, a fim de aumentar o crescimento sustentável das sociedades. De agora em diante, os profissionais lotados na Diretoria de RI das Cias, além de terem conhecimento dos negócios das Cias como um todo, também, deverão ter fluência em outros assuntos como biodiversidade, economia de baixo carbono e energias renováveis. Em outras palavras, não só o domínio de temas como margens, custos, carteira de clientes e concessão de crédito, forma de cálculo e dos efeitos do Ebitda, mas serão exigidas agilidade e facilidade na comunicação de outros assuntos como água, carbono, energia, etc.

Como a agenda ASG, de boas práticas socias, ambientais e de governança, vem a cada dia despertando mais atenção, ocupando espaço e promovendo o crescimento no meio empresarial, entendemos que há atualmente 4(quatro) níveis de categorias de Cias: (1) aquelas que praticam 100 por cento na essência e trazem no DNA, a agenda ASG; (2) as que estão em processo de conhecimento dos sentidos da sigla, podendo serem mais fortes em um determinado componente da sigla, dando mais ênfase e foco no ambiental, ou no social ou na governança, levando em conta que essas Cias ressaltam a agenda ASG como o caminho para o futuro; (3) as que estão ainda engatinhando nesse processo, mas entendem que trata-se de caminho do qual não há mais volta; (4) e finalmente àquelas que pretendem incluir essa agenda, de forma programada, no seu plano de negócios, dentro do planejamento estratégico, para não ficarem fora do mercado. Por tudo isso, se conclui que, a agenda ASG veio para ficar e deve crescer, cada vez mais, haja vista a necessidade das Cias, dentre suas diretrizes, darem mais transparência nos indicadores de sustentabilidade, de forma a propiciarem maior retorno aos seus acionistas.

Cláudio Sá Leitão – Conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.

PUBLICADO NO JORNAL DIARIO DE PERNAMBUCO EM 30.08.2021