“MAIS FALIDOS DO QUE FALECIDOS”

“MAIS FALIDOS DO QUE FALECIDOS”

Desde o final do ano de 2019, o mundo tem vivenciado a propagação do coronavírus. O novo vírus (Covid-19) está se espalhando e afetando drasticamente as empresas e o nosso comportamento. O covid-19 não é trágico apenas para a saúde, mas para todos os setores da economia, uma vez que está causando impactos, sem precedentes, com danos irreparáveis para as empresas e seus empregados. Com o agravamento dessa pandemia, os reflexos já são observados na economia e no funcionamento da sociedade. De um lado, o nosso inimigo é invisível aos olhos e o futuro é imprevisível. Do outro lado, o desafio da onda da recessão que vem com reflexos relevantes. Para enfrentar o vírus, a prioridade é minimizar a mortalidade, por meio de suspensão temporária das atividades comerciais e profissionais, apesar das consequências financeiras, de intensidades diferentes, sendo esperado prejuízos significativos. O confinamento domiciliar de todos os que não trabalham em atividades essenciais, é a única forma de reduzir o coeficiente de infecção, de modo a distribuir, ao longo do tempo, o número de doentes. Mas esse confinamento obrigatório tem altos custos pessoais e econômicos. Estamos diante de uma grande encruzilhada; ou o colapso do sistema de saúde, com um enorme número de mortos, vítimas da sobrecarga dos hospitais; ou da suspensão da produção econômica. A alternativa é de paralisar as atividades não essenciais, de modo a reduzir o número de pessoas em circulação. Mas o maior desafio atual é de mobilizar, de forma rápida e eficiente, os recursos para a saúde, expandindo a capacidade dos hospitais com leitos, equipamentos e recursos humanos. Simultaneamente, minimizar os efeitos econômicos e sociais do confinamento obrigatório e da paralisação da economia. As pessoas, ameaçadas pelo desemprego, estão reduzindo as compras. As empresas comercias estão sofrendo uma forte queda de vendas e as empresas industriais, mesmo que não estão obrigadas a paralisar as suas operações, para evitar a propagação do vírus, estão diminuindo a produção, por falta de demanda. A economia deverá ser paralisada, pelo menos, por três meses, mas grande parte dos custos das empresas continuarão a ser incorridos, a fim de manter o emprego. Diante dessa incerteza, é preciso que as empresas adiem os investimentos e adotem medidas para garantir a saúde e preservar a segurança dos seus profissionais, mas priorizando o caixa. Outras com menos liquidez não resistirão a uma paralisação tão prolongada e irão falir. As maiores, com mais recursos e liquidez, terão que demitir, para preservar a continuidade das operações. Dependendo do avanço do covid-19 e do tempo de duração é provável que, no final dessa pandemia, haja mais empresas falidas, do que pessoas falecidas.

Bruno Feldman e Cláudio Sá Leitão – Sócios da Sá Leitão Auditores e Consultores.


PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO EM 16.04.2020