"MEDO DA CRISE"

Em tempos de economia em crise, é de se esperar que o medo e a insegurança de uma temporada sombria levem os empresários a pisar no freio e a retrair os seus negócios. O mercado está paralisado por um receio súbito, gerado pelo fantasma da economia que assombra o mundo corporativo e, ainda mais aqueles empreendedores que não possuem uma reserva financeira. É a hora de refletir se efetivamente a crise que chegou já está atrapalhando a empresa ou se é apenas o receio de ela se instalar no seu negócio que tem gerado transtornos. Primeiramente, é preciso verificar se a empresa está eficiente ou se os gastos aumentaram, por exemplo, por falta de atenção. Antes de cortar funcionários, é preciso rever as suas operações para obter redução de gastos.

Para isso, alguns passos devem ser observados pelas empresas: (1) verificar o que está indo bem na empresa e, naturalmente, interromper o que não está dando certo; (2) verificar quais as atividades que dão bons resultados e se há alguma forma de torná-las menos dispendiosas; (3) planejar o futuro, fazendo projeções da receita e estabelecendo metas para daqui alguns meses ou até anos para frente. Se for efetuada uma análise correta da receita, projetando a rentabilidade da empresa, o empresário terá uma visão privilegiada para operar no mercado. É preciso ainda (4) avaliar os gastos com as manutenções em geral e os benefícios diretos e indiretos dos funcionários; (5) baixar os estoques, por meio de liquidação, para aumentar o caixa, diminuir os custos operacionais e reduzir o endividamento, e também (6) reduzir a folha de pagamento. Esse último é um dos passos finais, até porque, quando se contrata um funcionário, a empresa investe em vários itens, entre os quais, o treinamento. A situação econômica do nosso País tem forçado as empresas a revisarem suas operações e a identificar gastos desnecessários, que oneram e prejudicam o resultado dos negócios.

Por isso, analisar os gastos da empresa é a melhor estratégia para conseguir reduzir custos e otimizar as operações. Diante desse quadro econômico, é preciso movimentar-se , investir, inovar, buscar e criar novos nichos de mercado, tudo isto para conseguir um melhor resultado, pois o País não vai parar. As dificuldades exigem adaptação e renovação. Se algumas empresas enfraquecem, caem ou saem de cena, alguém tem que entrar e, neste cenário, muitas se sobressaem, inclusive as pequenas, por terem mais agilidade e flexibilidade.Apesar do momento atual em que o País se encontra, não há motivos para um medo irracional da crise. Cultivar um ambiente de medo, além de contraproducente, faz com que deixemos de atacar a própria crise, pois o setor produtivo vem sofrendo enormes desafios, decorrentes da necessidade de gerar novas oportunidades e novos negócios para enfrentar os problemas existentes, tendo como objetivo maior alcançar o tão sonhado crescimento econômico.

Cláudio José Sá Leitão - Sócio da Sá Leitão Auditores e Consultores.

PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO EM 28.07.2015.